



O evento de moda A Costura do Invisível criado pelo estilista Jum Nakao foi um trabalho que propôs uma jornada rumo ao processo criativo da coleção. Através de sons e imagens os criadores traziam à tona uma inquietação que levava os espectadores ao profundo interesse de desvendar aquilo que não se era só visto, mas também sentido.
No ano de 2004, na presença de cerca de 1200 pessoas, o estilista de forma impactante chocou o público ao realizar uma performance ousada. Isso porque no fim do desfile as modelos rasgavam as elaboradas roupas confeccionadas em papel vegetal, fazendo com que aqueles que o acompanhavam tivessem um sentimento de perda e melancolia.
Com imagens associadas a fadas Playmobil e a transparência dos papeis rendados, o aspecto artesanal deu as peças fragilidade em suas formas, gerando um equilíbrio entre o sonho e a realidade e entre o conceitual e comercial. Mas afinal como o criativo sobrevive em um mercado capitalista? Capitalismo X Criatividade o que deve prevalecer?
Para Jum, segundo o mostrado no making off do desfile não se deve ordenar o "caos", mas deve-se entrar dentro dele e de forma original e diferenciada, transformando o simples em algo inovador. Uma vez que o produto, conceito, a forma e o mercado determinam o poder da peça.
Desde a pesquisa até o acabamento das peças, o projeto e sua confecção durou cerca de 700 horas, e teve seu fim com a ação impactante das modelos rasgando as roupas. Durante o estudo do material que seria utilizado como matéria prima, Jum através do detalhamento, da cor, volume e forma criou importantes diferenciadores em sua coleção seguindo referências estéticas do final do século XIX.
Esse evento, muito comentado no ano, tinha como proposta apresentar roupas que fossem desejadas para que ao final, quando estas eram desfeitas houvesse uma representação do caos, gerando uma série de dúvidas e perguntas sem respostas.
A maquiagem das modelos tinha um único destaque para a boca e sobrancelhas que, pintadas de preto passavam um olhar de conto de fadas, distante o que deixava a identidade delas esquecidas. Isso tornava claro que o importante no meio de tudo aquilo era o conceito.
O cenário imaginado por Nakao tinha como idéia colocar anêmonas de papel que reagiam com a luz negra e outras luzes. Já a trilha sonora conduzia os olhares, fornecendo diferentes dignificados e sentimentos do momento, tornando através de um rock karaokê, colocado ao final, uma idéia de manipulação da realidade.
Com isso, pode-se concluir que a produção de moda pensada e organizada por Jum foi original e impactante, fazendo um paralelo entre o real e o sonho. Isso aflorou diversos sentimentos naqueles que assistiam ao evento, desde melancolia até exaltação.
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